Os insumos de origem vegetal, como grãos e farelos, são pilares da nutrição animal e representam uma importante fonte de energia, proteína e fibras nas dietas. No entanto, para manter sua qualidade nutricional e segurança, o armazenamento adequado é indispensável. Ambientes frescos e secos são fundamentais para preservar as características físico-químicas desses ingredientes e evitar perdas nutricionais e econômicas.
Umidade e calor: condições ideais para a deterioração
A umidade excessiva é um dos principais fatores que comprometem a qualidade dos insumos vegetais. Quando armazenados em locais com alta umidade relativa do ar ou com infiltrações, esses produtos tornam-se altamente suscetíveis à proliferação de fungos, especialmente os dos gêneros Aspergillus e Penicillium, que podem produzir micotoxinas — como aflatoxinas, zearalenona e fumonisinas. Essas toxinas, mesmo em níveis baixos, podem comprometer a saúde e o desempenho dos animais.
Além disso, a combinação de umidade e calor favorece a fermentação espontânea e o aquecimento interno das pilhas ou sacarias, resultando em:
- Perda de matéria seca;
- Escurecimento do produto;
- Formação de odores desagradáveis;
- Redução da digestibilidade dos nutrientes.
Grãos e farelos mal armazenados perdem valor nutricional e podem até se tornar impróprios para uso, dependendo do grau de contaminação.
Perdas invisíveis, mas com grande impacto
Mesmo sem sinais visuais evidentes, os insumos armazenados em condições inadequadas podem sofrer perdas significativas de qualidade. A degradação de aminoácidos essenciais, a oxidação de lipídios residuais e a compactação dos materiais são exemplos de alterações que afetam diretamente o desempenho dos animais.
Farelos contaminados ou fermentados tendem a apresentar menor aproveitamento ruminal ou intestinal, exigindo ajustes na formulação da dieta para compensar a perda nutricional — o que eleva os custos de produção.
Boas práticas de armazenamento: preservar é lucrar
Para manter a qualidade dos insumos vegetais comercializados e utilizados na formulação de rações, é fundamental seguir orientações técnicas durante o armazenamento:
- Ambiente seco e ventilado: locais com boa circulação de ar, sem exposição direta ao sol, longe de paredes úmidas ou goteiras.
- Uso de pallets ou estrados: evita o contato direto dos sacos com o piso, que geralmente retém umidade.
- Controle da umidade relativa: a umidade do ambiente não deve ultrapassar 70%. Em regiões mais úmidas, o uso de desumidificadores ou ventilação forçada pode ser necessário.
- Controle de temperatura: temperaturas elevadas aceleram reações de oxidação e fermentação. Sempre que possível, manter o ambiente com temperatura inferior a 30 °C.
- Inspeção periódica: verificar semanalmente a condição das pilhas ou silos, buscando sinais de compactação, aquecimento, bolor ou cheiro ácido.
- Rotatividade de estoque (FIFO): usar sempre os lotes mais antigos primeiro para evitar o envelhecimento dos insumos.
Embalagens e acondicionamento
O tipo de embalagem também influencia na conservação. Sacarias de ráfia com revestimento interno, ou bags com válvula de respiro, ajudam a manter o equilíbrio da umidade e dificultam a entrada de água ou vapor do ambiente externo. Em armazenagem a granel, é importante que os silos estejam limpos, secos e com bom isolamento térmico.