A bubalinocultura de corte vem ganhando espaço no cenário pecuário brasileiro, especialmente por se tratar de uma atividade de alta eficiência alimentar e excelente qualidade de carne. No entanto, para atingir bons índices produtivos, é fundamental adotar estratégias nutricionais e de manejo que assegurem um ganho de peso eficiente e sustentável.
Particularidades nutricionais dos búfalos
Os búfalos apresentam um metabolismo semelhante ao dos bovinos, mas com diferenças importantes. Eles possuem uma maior capacidade de aproveitamento de volumosos, graças a um rúmen mais desenvolvido e eficiente na digestão de fibras. Isso significa que conseguem extrair melhor os nutrientes de pastagens fibrosas e subprodutos vegetais, o que pode reduzir custos de alimentação.
Por outro lado, o búfalo tem menor capacidade de dissipar calor, o que exige atenção em regiões quentes. Ambientes com sombra, acesso à água e áreas alagadas ajudam a manter o conforto térmico, evitando redução no consumo e na eficiência alimentar — fatores que impactam diretamente o ganho de peso.
Base da dieta: volumoso e concentrado em equilíbrio
O ponto de partida para o bom desempenho está na qualidade do volumoso. Pastagens bem formadas, com manejo rotacionado e adubação equilibrada, garantem o fornecimento contínuo de nutrientes. O uso de forragens conservadas, como silagem de milho, sorgo ou capim elefante, é uma excelente alternativa para períodos de seca.
O suplemento concentrado deve ser ajustado conforme a fase de crescimento e a disponibilidade de pasto. Níveis adequados de energia e proteína bruta são fundamentais para sustentar o desenvolvimento muscular. Em sistemas intensivos, dietas com 12 a 14% de proteína bruta e boa digestibilidade energética proporcionam ganhos diários acima de 1 kg/dia, dependendo da genética e do manejo.
O papel das fibras e da eficiência ruminal
Apesar de se adaptarem bem a dietas ricas em fibra, os búfalos também se beneficiam de ingredientes que melhorem a digestibilidade e a fermentação ruminal. O equilíbrio entre fibras efetivas e carboidratos não fibrosos é determinante para a saúde do rúmen e para o aproveitamento dos nutrientes.
Subprodutos agroindustriais como farelo de canola, polpa cítrica, casca de soja e farelo de algodão podem ser excelentes alternativas, fornecendo energia e proteína de forma econômica e segura. Além disso, o uso de aditivos nutricionais, como tamponantes e probióticos, ajuda a manter o pH ruminal estável, reduzindo o risco de acidose e otimizando a conversão alimentar.
Minerais e vitaminas: detalhes que fazem diferença
A suplementação mineral adequada é um dos pilares do ganho de peso eficiente. Elementos como fósforo, cálcio, cobre, zinco e selênio participam de processos metabólicos essenciais relacionados ao crescimento e à imunidade. A deficiência de qualquer um desses nutrientes compromete o desenvolvimento e reduz o desempenho do rebanho.
Os microminerais orgânicos têm se mostrado uma excelente opção em sistemas de terminação, por apresentarem maior biodisponibilidade e absorção, melhorando o ganho de peso e a conversão alimentar. Vitaminas do complexo B, A e E também são importantes em fases de crescimento acelerado e períodos de estresse térmico.
Manejo, bem-estar e monitoramento
Além da nutrição, o bem-estar animal é determinante para a eficiência produtiva. O estresse reduz o consumo de matéria seca e altera o metabolismo. Por isso, instalações adequadas, manejo calmo e ausência de superlotação são fatores que favorecem o desempenho.
Monitorar periodicamente o ganho médio diário (GMD), o escore corporal e o consumo de alimento permite ajustar a dieta conforme as necessidades de cada lote. A pesagem a cada 30 ou 45 dias é uma prática simples que auxilia no controle de resultados e na tomada de decisão.
Garantir um ganho de peso eficiente em búfalos de corte é o resultado da soma entre nutrição balanceada, manejo adequado e bem-estar. Quando bem alimentados e conduzidos, os búfalos expressam todo o seu potencial genético, apresentando excelente conversão alimentar e carne de alta qualidade.
Investir em estratégias nutricionais bem planejadas é investir em produtividade e rentabilidade para o sistema de produção.
