A criação de búfalos tem ganhado espaço na pecuária brasileira, impulsionada pelo alto desempenho produtivo da espécie tanto na produção de carne quanto na produção de leite. O rebanho bubalino nacional ultrapassa 1,8 milhão de cabeças, sendo concentrado principalmente nos estados do Pará, Amapá, Maranhão, Amazonas e Tocantins, na região Norte, e em São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, no Sul e Sudeste. O Brasil se destaca como um dos maiores produtores de búfalos da América Latina, aproveitando a rusticidade e eficiência alimentar desses animais.
No setor leiteiro, os búfalos se destacam pela alta qualidade do leite, que contém cerca de 6% a 9% de gordura, além de elevados teores de proteína e sólidos totais, sendo amplamente utilizado na produção de queijos, como a tradicional mozzarella de búfala. Já na pecuária de corte, os bubalinos apresentam excelente conversão alimentar e carcaças com rendimento médio superior a 50%, fornecendo uma carne macia, suculenta e com menor teor de colesterol em comparação à carne bovina.
Características nutricionais dos búfalos
Os búfalos possuem particularidades fisiológicas que impactam diretamente suas necessidades nutricionais e estratégias alimentares:
- Eficiente aproveitamento de fibras: O rúmen dos bubalinos apresenta uma microbiota altamente adaptada à digestão de forragens de baixa qualidade, tornando-os mais eficientes no aproveitamento de volumosos do que os bovinos.
- Menor exigência nutricional: Comparados aos bovinos, os búfalos possuem menor taxa metabólica e maior capacidade de retenção de nutrientes, o que reduz a demanda por suplementação energética.
- Alta rusticidade: São resistentes a condições adversas, como áreas alagadas e pastagens de menor qualidade, exigindo ajustes nutricionais para maximizar o desempenho produtivo.
Alimentação de Búfalos de Leite
Para garantir alta produção e qualidade do leite, a dieta dos búfalos leiteiros deve ser formulada para atender às exigências de energia, proteína e minerais.
- Volumosos: A base alimentar deve ser composta por pastagens bem manejadas (Brachiaria spp., Panicum spp.), cana-de-açúcar, silagem de milho ou sorgo. O uso de leguminosas, como leucena e guandu, pode melhorar a oferta proteica.
- Concentrados: Em sistemas intensivos, o fornecimento de farelo de soja, milho moído, farelo de canola, casca de soja, polpa cítrica e ddgs melhora o balanço energético e a eficiência alimentar.
- Suplementação mineral: O uso de núcleos minerais específicos para bubalinos, com níveis adequados de cálcio, fósforo, zinco e selênio, é essencial para manter a saúde óssea e reprodutiva.
Alimentação de Búfalos de Corte
A pecuária de corte bubalina pode ser conduzida em diferentes sistemas, como criação extensiva a pasto ou confinamento, exigindo estratégias nutricionais específicas.
- Fase de cria e recria: Bezerros devem ser criados sob suplementação estratégica com sal proteinado ou energético para acelerar o crescimento.
- Terminação a pasto: O uso de pastagens tropicais bem manejadas e suplementação proteico-energética permite alcançar bons desempenhos.
- Confinamento: Em dietas intensivas, o balanceamento adequado de volumoso e concentrado (milho, farelo de soja, DDGS) contribui para altas taxas de ganho de peso e rendimento de carcaça.
A nutrição dos búfalos deve ser planejada com base nas características metabólicas da espécie, garantindo dietas equilibradas para maximizar a produção de leite e carne. A utilização de ingredientes fibrosos, suplementação mineral específica e manejo nutricional adequado são fundamentais para explorar o potencial produtivo dos bubalinos. Com estratégias bem ajustadas, a bubalinocultura se fortalece como uma alternativa competitiva e sustentável dentro da pecuária brasileira.