O solo é a base de toda a cadeia produtiva no campo. Um solo bem manejado não apenas garante produtividade vegetal, mas também influencia diretamente a qualidade nutricional dos alimentos ingeridos pelos animais, especialmente nos sistemas baseados em pastagens. A saúde do solo, a fertilidade e o equilíbrio químico-físico-biológico são fatores que determinam o valor nutritivo da forragem — e, portanto, a performance zootécnica dos rebanhos.
Relação solo-planta-animal: uma cadeia interdependente
O conceito de “produção animal a partir do solo” evidencia a ligação entre:
Qualidade do solo → Valor nutricional das forragens → Desempenho animal
Se o solo estiver pobre em nutrientes, compactado ou desequilibrado, a planta cresce com deficiência nutricional — o que resulta em pastos menos nutritivos e, muitas vezes, com maior teor de fibras indigestíveis e menor proteína bruta. Isso afeta diretamente:
- Ganho de peso;
- Produção de leite;
- Taxa de fertilidade;
- Saúde e imunidade dos animais.
Fertilidade do solo e composição das forragens
A fertilidade química do solo (NPK, micronutrientes e pH) determina a capacidade das plantas em absorver e acumular nutrientes. Isso impacta diretamente os teores de proteína, energia e minerais das forragens. Alguns pontos críticos:
- Nitrogênio (N): Estimula crescimento vegetal e acúmulo de proteína. Pastos bem adubados com N têm maior valor proteico e melhor digestibilidade.
- Fósforo (P): Essencial para o crescimento radicular e síntese de energia na planta (ATP). Forragens com baixo P refletem em menor energia para os animais.
- Potássio (K): Importante na regulação hídrica e na translocação de nutrientes. A deficiência pode afetar o teor de carboidratos solúveis da forragem.
- Micronutrientes (Zn, Cu, Mn, B): Solos deficientes levam a pastos desequilibrados, o que pode gerar deficiências minerais em ruminantes.
Estrutura física e biologia do solo
A compactação do solo reduz o crescimento das raízes e o aproveitamento dos nutrientes. Já solos vivos, com atividade biológica ativa (microrganismos, minhocas, fungos micorrízicos), favorecem:
- A solubilização de nutrientes;
- O ciclo do nitrogênio;
- A absorção mais eficiente pelas plantas.
Práticas como plantio direto, rotação de culturas e adubação orgânica são excelentes aliadas na construção de um solo fértil e biologicamente ativo — e, consequentemente, de um sistema produtivo mais equilibrado.
Como isso impacta a nutrição animal?
Animais em pastejo consomem diretamente o que o solo fornece, via planta. Forragens com deficiência mineral, excesso de lignina ou baixo teor de proteína levam a:
- Baixa ingestão voluntária;
- Redução na digestibilidade da dieta total;
Deficiências nutricionais específicas (como hipomagnesemia, hipofosfatemia, entre outras).