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Manejo para reduzir o estresse por calor em bovinos

O estresse por calor é uma preocupação no manejo de bovinos, especialmente em regiões de clima quente ou durante ondas de calor. Bovinos, por natureza, têm maior dificuldade em dissipar calor corporal devido à produção endógena de calor metabólico e à limitada capacidade de suar, além da dependência do ritmo respiratório como principal meio de dissipação térmica. Quando o estresse térmico é excessivo, o desempenho produtivo e reprodutivo dos animais é comprometido, afetando a eficiência econômica da produção de carne e leite. 

Efeitos do estresse por calor em bovinos

O estresse térmico afeta os bovinos de várias formas. Bovinos de corte e leite expostos a condições de calor extremo podem apresentar:

  • Redução no consumo de alimentos e consequente queda na produção de leite ou ganho de peso;
  • Aumento da frequência respiratória e frequência cardíaca;
  • Redução na eficiência reprodutiva (ciclos irregulares, menor taxa de concepção);
  • Maior suscetibilidade a doenças devido à queda na imunidade.

A temperatura de conforto térmico para bovinos varia de 10°C a 25°C, e quando as temperaturas externas ultrapassam esse limite, especialmente associadas a alta umidade, o estresse térmico torna-se evidente.

Manejo para reduzir o estresse em bovinos de confinamento

  • Sombreamento adequado: Bovinos confinados devem ter acesso a sombras naturais ou artificiais que possam reduzir a radiação solar direta. Estruturas de sombreamento, como telhados de zinco ou lonas, podem reduzir a temperatura ambiente ao redor dos animais em até 8°C, diminuindo significativamente a carga térmica.
  • Ventilação: Em sistemas confinados, a ventilação é crucial. A instalação de ventiladores pode ajudar a manter o fluxo de ar e reduzir a temperatura interna das instalações, favorecendo a dissipação de calor. Ventiladores com nebulizadores (sistemas de resfriamento evaporativo) são especialmente eficazes, pois promovem a redução da temperatura do ar em até 5°C.
  • Aspersão: O uso de sistemas de aspersão de água sobre os animais, aliado à ventilação, pode proporcionar alívio imediato do estresse por calor. Estudos indicam que a aspersão associada à ventilação forçada pode aumentar o consumo de alimento e a produção de leite em até 20% em bovinos de leite, ideal sempre é 1 minuto de aspersão e 4 minutos de ventilação.
  • Alimentação em Horários Estratégicos: Oferecer a alimentação em horários mais frescos, como no início da manhã e no final da tarde, é uma prática recomendada para evitar a hipertermia durante a digestão, que é um processo gerador de calor. Reduzir o fornecimento de concentrados no meio do dia também pode minimizar o estresse metabólico.
  • Água Fresca e Disponível: O fornecimento de água fresca é um dos fatores mais importantes. Bovinos sob estresse térmico aumentam o consumo de água em até 50%. O consumo normal de um bovino tem  uma variação de 50 a 90 litros de água diária. Assim, é crucial que a água esteja sempre limpa e disponível em abundância.

Manejo para reduzir o estresse em bovinos a pasto

  • Sombreamento Natural: O uso de árvores no pasto ou sistemas silvipastoris é uma excelente estratégia para reduzir a radiação solar direta. A sombra proporcionada por árvores pode reduzir a temperatura do ambiente ao redor em até 7°C. Bovinos que têm acesso a áreas sombreadas apresentam maior conforto e mantêm um ritmo respiratório mais adequado.
  • Sistemas de Irrigação do Solo: Além da nebulização direta sobre os animais, a irrigação do solo no pasto pode ajudar a resfriar o ambiente, uma vez que a evaporação da água reduz a temperatura do microclima. Essa estratégia é particularmente útil em períodos de alta radiação solar e baixa umidade.
  • Rotação de Pastagens: A rotação adequada de pastagens pode proporcionar áreas com vegetação mais alta, que, além de oferecer sombra parcial, melhora a qualidade do forrageamento. Áreas de pastagem com vegetação densa também retêm mais umidade, o que contribui para um microclima mais ameno.
  • Melhoria Genética e Seleção: Outra estratégia relevante é a seleção de raças adaptadas a climas quentes ou a utilização de cruzamentos com raças zebuínas, como o Nelore, que têm maior resistência ao calor. A melhora genética pode resultar em animais mais eficientes em dissipar calor, tornando-os mais produtivos em condições de estresse térmico.