A utilização de subprodutos agroindustriais na alimentação de caprinos tem ganhado destaque como alternativa econômica e sustentável. Provenientes das indústrias alimentícia, agrícola e de biocombustíveis, esses insumos apresentam potencial nutricional considerável, quando utilizados de forma técnica e segura. Sua adoção permite redução nos custos de produção, reaproveitamento de resíduos e flexibilidade no manejo nutricional.
Principais subprodutos utilizados na caprinocultura
- Farelo de trigo e farinheta – fontes energéticas com fibra moderada, indicadas para dietas de manutenção e terminação.
- Casca de soja – fibra de alta digestibilidade, ideal para substituição parcial de volumosos, especialmente em dietas com menor teor de feno.
- Polpa cítrica peletizada – excelente fonte energética, com boa palatabilidade e alto valor fermentativo no rúmen.
- Farelo de algodão e farelo de girassol – fontes proteicas alternativas, com restrição de inclusão devido a fatores antinutricionais.
- DDGS – subproduto do etanol de milho, rico em proteína e energia.
Vantagens do uso de subprodutos
- Redução de custos: os subprodutos geralmente têm menor custo por unidade de nutriente em comparação a alimentos convencionais.
- Sustentabilidade: favorecem a economia circular e o aproveitamento de resíduos agroindustriais.
- Flexibilidade nutricional: permitem formulações mais diversificadas e adaptadas às diferentes categorias de caprinos (crescimento, lactação, manutenção).
Aplicações práticas na caprinocultura
Na prática, a substituição parcial de milho por polpa cítrica ou casca de soja, ou de farelo de soja por farelos proteicos alternativos (girassol, algodão, DDGS), pode ser realizada de forma segura, respeitando-se os limites máximos de inclusão. Em dietas para cabras leiteiras, o equilíbrio entre energia e proteína deve ser mantido, evitando quedas na produção e problemas metabólicos.
Fases da criação e aplicação dos subprodutos
A inclusão dos subprodutos deve ser ajustada conforme a fase fisiológica e a exigência nutricional dos animais:
Cria (até 3 meses)
- Foco: leite ou sucedâneo + introdução gradual de concentrado.
- Cuidados: evitar subprodutos de baixa digestibilidade.
- Sugestão: inclusão mínima de subprodutos bem processados (ex: farelo de trigo em concentrado inicial).
Recria (3 a 8 meses)
- Foco: crescimento e desenvolvimento ruminal.
- Recomendações:
- Casca de soja: fonte de fibra digestível.
- Polpa cítrica: substitui parcialmente o milho, com boa aceitação.
- Farelo de girassol: pode complementar a proteína, respeitando limites.
Terminação/Engorda
- Foco: ganho de peso e eficiência alimentar.
- Indicações:
- Uso mais amplo de subprodutos energéticos (casca de soja, polpa cítrica) e proteicos (farelo de algodão, DDGS).
- Monitorar relação FDN/NDT para evitar redução na ingestão.
Fêmeas em lactação
- Foco: alta exigência energética e proteica.
- Cuidados:
- Garantir proteína degradável e energia fermentescível.
Subprodutos como DDGS, farelo de trigo e polpa cítrica podem ser inseridos com critério, sem comprometer a produção de leite.
- Garantir proteína degradável e energia fermentescível.
A casca de soja auxilia na saúde ruminal e na estabilidade do pH.