A água é o nutriente mais vital para os equinos e está diretamente relacionada à manutenção da saúde, à regulação da temperatura corporal e ao desempenho físico. Apesar disso, sua importância muitas vezes é subestimada quando se fala em nutrição de cavalos atletas, em que a demanda por líquidos é intensificada pelo esforço e pelo ambiente.
Durante o exercício, o cavalo perde grandes volumes de água e eletrólitos através do suor — podendo chegar a até 10 litros por hora em atividades intensas. Essa perda ocorre porque os equinos possuem um sistema de sudorese muito eficiente, essencial para controlar a temperatura corporal, mas que também provoca desequilíbrios caso não haja reposição adequada. Com o suor, vão-se eletrólitos como sódio, potássio, cloro, cálcio e magnésio, todos essenciais para a contração muscular, a transmissão nervosa e o equilíbrio osmótico.
Quando o animal não repõe corretamente esses nutrientes, começam a surgir sinais de desidratação e fadiga: aumento da frequência cardíaca, respiração ofegante, perda de apetite e até distúrbios digestivos, como cólicas. Uma desidratação leve já é suficiente para prejudicar o desempenho. Pesquisas indicam que a perda de apenas 2% do peso corporal em água pode reduzir a capacidade de resistência e comprometer a função cardiovascular. Em situações mais severas, há risco de hipertermia, exaustão e falhas metabólicas.
Por isso, o manejo hídrico e eletrolítico é parte indispensável do planejamento nutricional de equinos atletas. A oferta constante de água limpa e fresca deve ser prioridade absoluta. Em média, um cavalo consome entre 30 e 60 litros de água por dia, mas esse volume pode dobrar conforme o clima e o nível de atividade física.
Além disso, o consumo de eletrólitos específicos (em pastas, sais minerais ou suplementos solúveis) é fundamental para repor os íons perdidos durante o suor e estimular a ingestão de água. O equilíbrio entre sódio, potássio e cloro é o mais relevante, pois esses minerais estão diretamente ligados à contração muscular e à função nervosa.
A influência da dieta e do ambiente
A composição da dieta também impacta as necessidades de hidratação. Forragens secas, como feno com baixo teor de umidade, aumentam a demanda de água, enquanto pastagens verdes contribuem para o aporte hídrico natural. O teor de fibra bruta e a digestibilidade dos alimentos influenciam a fermentação no intestino grosso e, consequentemente, a retenção de água no trato digestivo.
Outro ponto importante é a temperatura da água e o manejo pós-exercício. É recomendável oferecer pequenas quantidades de água logo após o término da atividade, evitando choques térmicos e sobrecarga digestiva. Após o resfriamento, o cavalo deve ter acesso livre à água até se reidratar completamente. O monitoramento da coloração da urina, da elasticidade da pele e do tempo de enchimento capilar são indicadores práticos que ajudam a avaliar o estado de hidratação.
A hidratação como parte da estratégia de desempenho
Nos cavalos de competição — seja em provas de resistência, salto, tambor ou corrida — a hidratação é parte estratégica do desempenho. Um animal bem hidratado tem melhor capacidade de recuperação muscular, menor acúmulo de ácido lático e maior estabilidade térmica. Além disso, a manutenção adequada dos níveis de água no organismo auxilia o transporte de nutrientes e a eliminação de resíduos metabólicos, otimizando o metabolismo energético.
Nutricionistas e veterinários especializados em equinos recomendam que o plano alimentar de cavalos atletas sempre integre água, energia, proteína, fibras e eletrólitos em proporções equilibradas. Ignorar qualquer um desses pilares compromete não só o rendimento, mas também o bem-estar e a longevidade do animal.
A hidratação vai muito além de oferecer água: envolve compreender o papel dos eletrólitos, ajustar o manejo alimentar e respeitar as necessidades fisiológicas de cada animal conforme o tipo de atividade.
Garantir um bom equilíbrio hídrico é garantir que o cavalo expresse todo o seu potencial atlético com saúde, segurança e desempenho.
