O desenvolvimento saudável de um potro depende de uma série de fatores, entre eles o manejo, o ambiente, a sanidade e, principalmente, a nutrição. Os primeiros meses de vida são decisivos para o desempenho atlético futuro, estrutura óssea, metabolismo e resistência imunológica do animal. Por isso, uma alimentação balanceada, de qualidade e adaptada a cada fase do crescimento é essencial para garantir um desenvolvimento harmonioso e prevenir distúrbios nutricionais, especialmente osteoarticulares.
As fases críticas do crescimento
O crescimento do potro pode ser dividido, de forma prática, em três etapas:
- Fase lactente (0 a 3 meses)
Nessa fase, o leite materno é a principal fonte de nutrientes. No entanto, já a partir da terceira ou quarta semana de vida, os potros demonstram interesse em consumir alimentos sólidos. A introdução gradual de uma ração creep feeding — balanceada e palatável — é altamente recomendada, contribuindo para o desenvolvimento do trato gastrointestinal e a adaptação do sistema digestivo aos alimentos concentrados, desde a gestação, a inclusão de cálcio e zinco, são de extrema importância para formação deste potro. - Fase de desmame (4 a 6 meses)
O desmame é um período de estresse fisiológico e psicológico. Nessa fase, a alimentação deve compensar a ausência do leite materno e fornecer os nutrientes necessários para sustentar o ritmo acelerado de crescimento. É fundamental o uso de concentrados de alta digestibilidade, como grãos e farelos proteicos de qualidade, além da oferta de volumoso de boa palatabilidade e valor nutricional. - Fase pós-desmame (6 a 24 meses)
A partir dessa etapa, o crescimento segue em ritmo intenso até por volta dos 24 meses, sendo que o pico de deposição de tecido ósseo ocorre entre 6 e 12 meses. Por isso, essa fase exige uma dieta rica em proteína de alto valor biológico, energia adequada, minerais como cálcio e fósforo em proporções ideais, além de microminerais como zinco, cobre e manganês.
Principais nutrientes e ingredientes
- Proteína bruta: Essencial para o desenvolvimento muscular e de tecidos. Farelos vegetais (ddgs, soja e canola) são fontes importantes de proteína na formulação de dietas para potros.
- Energia: Deve ser oferecida com equilíbrio. Excesso pode acelerar o crescimento de forma indesejada, favorecendo disfunções ortopédicas do desenvolvimento (DODs). Grãos como milho e aveia, polpa cítrica peletizada, e ddgs são boas fontes, desde que bem processados.(embora o milho seja a primeira fonte de energia, devemos cuidar com a quantidade de amido ofertada na dieta), o óleo degomado e o óleo de arroz, também são uma fonte de energia que pode ser usada na nutrição de equinos.
- Minerais:
- Cálcio e fósforo são fundamentais para a formação óssea. A relação ideal para potros é de aproximadamente 2:1.
- Zinco, cobre e manganês atuam na integridade óssea, cartilagem e metabolismo enzimático. Deficiências ou desequilíbrios são associadas a falhas no crescimento e problemas articulares.
- Sal deve ser disponibilizado constantemente, sendo o sal moído uma alternativa comum e eficiente na formulação da dieta.
- Vitaminas: As vitaminas A, D e E têm papel importante na visão, imunidade, formação óssea e função antioxidante. A suplementação pode ser necessária, especialmente em sistemas de criação com acesso limitado ao pasto verde.
- Fibras e volumoso: Devem estar presentes desde cedo. A fibra estimula a motilidade intestinal e o desenvolvimento do ceco e cólon. O feno de gramíneas ou leguminosas bem curado e com boa digestibilidade é ideal.
Uma alternativa prática e segura é a alfafa peletizada, que se destaca como fonte de fibra de alta qualidade, rica em proteína digestível e cálcio. Além de facilitar o manejo alimentar, ela contribui para a manutenção da saúde intestinal e para a cobertura das exigências nutricionais durante o crescimento, sendo especialmente útil em dietas de transição no pós-desmame.
Desordens nutricionais mais comuns
A má-formulação da dieta pode levar a sérios problemas ortopédicos, como:
- Doença Osteocondral Dissecante (OCD)
- Desvios angulares e flexurais
- Epifisites
- Laminite nutricional (por excesso de energia)
Estudos apontam que dietas com excesso de energia ou desequilíbrio mineral aumentam significativamente a incidência dessas condições. Além disso, o crescimento rápido demais, estimulado por dietas muito concentradas, pode agravar essas alterações.
Estratégias práticas de manejo nutricional
- Oferecer alimentação fracionada (mínimo 3 vezes ao dia) nos primeiros meses pós-desmame.
- Realizar pesagens periódicas para ajustar o consumo à taxa de crescimento.
- Usar ingredientes de alta digestibilidade e livre de contaminantes, como micotoxinas.
- Investir em fontes proteicas e energéticas de qualidade, como farelos vegetais bem armazenados e grãos livres de fungos.
- Utilizar volumosos seguros e nutritivos, como a alfafa peletizada, que alia praticidade no fornecimento e excelente perfil nutricional.
- Tratar sempre separado o volumoso da ração, primeiro o volumoso e 1 hora após a ração.