A criação de leitões envolve uma série de desafios significativos nos primeiros 45 dias de vida, período crítico que influencia seu desenvolvimento e desempenho ao longo da fase produtiva. Desde o nascimento até o desmame, os leitões passam por etapas que exigem cuidados específicos na alimentação, essenciais para garantir um crescimento adequado e prevenir problemas de saúde.

A fase de creche é uma das mais complexas no manejo da produção suinícola. Por isso, é fundamental que o produtor esteja atento e se dedique a garantir que os leitões se adaptem ao novo sistema de manejo. Entender os desafios dessa fase é crucial para evitar perdas e queda no desempenho, melhorando a produtividade e a rentabilidade do negócio. O desmame é uma transição abrupta que gera estresse ambiental, psicológico/social e nutricional nos leitões, sendo marcado por alterações significativas na microbiologia, fisiologia e imunologia do trato digestivo. Este período está associado a uma alta incidência de distúrbios intestinais e baixa eficiência alimentar, o que pode resultar em crescimento abaixo do ideal e aumento da mortalidade. Assim, o produtor deve estar atento para mitigar esses efeitos e evitar perdas.

A otimização da nutrição, a gestão eficaz de doenças gastrointestinais e o controle do ambiente de criação são fundamentais para maximizar a saúde e a eficiência produtiva dos leitões.

• Fase Neonatal e Colostro

Nos primeiros dias de vida, os leitões são especialmente vulneráveis a infecções devido à imaturidade do sistema imunológico. A transferência de imunidade materna ocorre principalmente através da ingestão de colostro nas primeiras 24 horas de vida, sendo essencial para a sobrevivência do leitão. O colostro fornece anticorpos que protegem os leitões contra diversos patógenos e nutrientes fundamentais para o início do crescimento. No entanto, essa proteção é temporária e, com o tempo, os leitões precisam desenvolver suas próprias defesas para enfrentar os desafios sanitários da granja.

A ingestão inadequada de colostro pode resultar em imunidade reduzida e maior mortalidade. Garantir que todos os leitões recebam um colostro de qualidade nas primeiras 24 horas de vida é um dos principais desafios para o produtor.

• Transição Alimentar

A transição do leite materno para a alimentação sólida é uma das fases mais críticas na criação de leitões. Durante o desmame, os leitões passam por estresse fisiológico e psicológico, o que pode reduzir o consumo alimentar e, consequentemente, o crescimento. A nutrição pós-desmame é um dos maiores desafios na suinocultura, exigindo estratégias que levem em consideração a maturidade do sistema gastrointestinal dos leitões. Dietas devem conter ingredientes de alta digestibilidade, que estimulem o consumo e minimizem distúrbios gastrointestinais. Grãos finamente moídos, como milho e trigo, são ótimas opções, pois fornecem energia rapidamente disponível e promovem a saúde intestinal, além de reduzir o risco de diarreia pós-desmame.

Outro desafio é o baixo consumo de ração logo após o desmame. O produtor deve implementar estratégias que incentivem a ingestão necessária para garantir o ganho de peso e o desenvolvimento. Leitões bem preparados podem consumir até três vezes mais alimento nos primeiros dias pós-desmame do que aqueles que não foram adequadamente acostumados à dieta sólida.

• Desempenho e Crescimento

A nutrição adequada durante a fase de crescimento é fundamental para maximizar o desempenho dos leitões. Dietas devem ser formuladas com o equilíbrio ideal de proteínas, aminoácidos, vitaminas e minerais para suportar um rápido ganho de peso e desenvolvimento muscular. A inclusão de aditivos, como probióticos e prebióticos, pode ajudar a manter a saúde intestinal e melhorar a eficiência alimentar.

Preparar os leitões ainda na maternidade pode ser determinante para a boa adaptação na creche. Estimular o consumo de ração ainda nesse período é importante para que o leitão reconheça rapidamente o alimento sólido após o desmame. Dietas com base láctea e alta digestibilidade, mas com traços vegetais, facilitam a transição e favorecem o desenvolvimento do sistema enzimático digestivo.

Com o conhecimento dessas limitações, o produtor pode evitar desperdícios de recursos. À medida que as exigências nutricionais aumentam, os níveis energéticos e proteicos da ração devem ser gradualmente ajustados, utilizando ingredientes como milho e farelo de soja. A cada semana, a composição da dieta muda para atender ao crescimento dos leitões, visando que eles atinjam o peso ideal em 40 dias.

• Saúde Intestinal

A saúde intestinal é um fator determinante na eficiência alimentar e na saúde geral dos leitões. A diarreia pós-desmame é um problema comum que pode comprometer o desempenho. Para reduzir esse risco, é importante incluir fibras funcionais, como polpa cítrica e casca de soja, além de suplementos como zinco e cobre, que fortalecem a barreira intestinal e diminuem a incidência de doenças.

• Adaptação às Condições Ambientais

As condições ambientais também influenciam diretamente a nutrição e o desempenho dos leitões. O manejo adequado da temperatura e da higiene é essencial para garantir o consumo alimentar e a saúde dos animais. Dietas ajustadas para compensar variações sazonais e melhorar a tolerância ao estresse térmico são importantes para manter o desempenho consistente.

Garantir o cuidado adequado desde os primeiros dias de vida é a chave para o sucesso nas fases seguintes e para a plena expressão do potencial de crescimento dos leitões.

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