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Fibras e gorduras na alimentação de bovinos leiteiros

A alimentação é um dos pilares fundamentais para a manutenção da saúde e do desempenho produtivo de bovinos leiteiros. Nesse contexto, fibras e gorduras desempenham papeis distintos e complementares na dieta, sendo essenciais para o equilíbrio entre a eficiência produtiva e o bem-estar dos animais. Este artigo explora as funções, fontes e desafios associados ao uso de fibras e gorduras na nutrição de bovinos leiteiros, considerando aspectos metabólicos e práticos de manejo.

O papel das fibras na nutrição de bovinos leiteiros

As fibras são componentes estruturais das plantas e constituem uma parte essencial da dieta de ruminantes. Dividem-se em frações solúveis e insolúveis, sendo a fibra em detergente neutro (FDN) e a fibra em detergente ácido (FDA) parâmetros importantes para avaliar a qualidade dos alimentos.

Funções das fibras:

  • Estimulação da motilidade ruminal: As fibras insolúveis promovem a ruminação e a produção de saliva, ajudando na regulação do pH ruminal.
  • Fonte de energia: A fermentação das fibras pelos microrganismos do rúmen gera ácidos graxos voláteis (AGVs), especialmente acetato, que é crucial para a produção de gordura do leite.
  • Contribuição à saúde ruminal: Manter um nível adequado de fibras evita distúrbios metabólicos, como acidose ruminal e a reprodução.

Fontes de fibras:

  • Forragens como silagem de milho, fenos de gramíneas e leguminosas são as fontes de fibras na dieta.
  • Subprodutos industriais, como caroço de algodão, casca de soja, polpa cítrica, farelo de arroz desengordurado, farelo de trigo e a bandinha de feijão também fornecem fibra com diferentes taxas de digestibilidade.

Desafios:

  • Dietas com excesso de fibra podem reduzir a densidade energética da ração, comprometendo a produção.
  • A baixa ingestão de fibra efetiva pode causar acidose, reduzindo o desempenho e o bem-estar animal.
  • Em animais pré-parto a dieta rica em fibra, favorece o animal em um pós-parto mais tranquilo, livre de complicações.

As Gorduras na dieta de bovinos leiteiros

As gorduras são uma fonte concentrada de energia, sendo estrategicamente incluídas nas dietas para aumentar a densidade energética e melhorar o desempenho produtivo, especialmente em vacas de alta produção.

Funções das gorduras:

  • Fonte de energia: As gorduras fornecem mais que o dobro de energia por grama em comparação aos carboidratos.
  • Melhoria da eficiência alimentar: A inclusão de gorduras permite formular dietas de maior densidade energética sem aumentar o volume de alimento.
  • Apoio à reprodução: Gorduras dietéticas influenciam positivamente os níveis hormonais e o metabolismo reprodutivo.

Fontes de gorduras:

  • Gorduras vegetais: Óleo de soja, óleo de palma, caroço de algodão e grãos oleaginosos.
  • Subprodutos: Farelos ricos em óleo, como o farelo de algodão, farelo de canola e DDGS.

Desafios:

  • Efeitos no rúmen: Altos níveis de gorduras livres podem inibir a fermentação microbiana e reduzir a digestibilidade da fibra.
  • Balanço ácidos graxos: Gorduras insaturadas em excesso podem ser tóxicas aos microrganismos do rúmen.
  • Inclusão limitada: A inclusão de gorduras deve ser cuidadosamente balanceada, geralmente não ultrapassando 6% da matéria seca total da dieta, o óleo de palma e o de soja, são produtos em pó, para facilitar a mistura com os demais ingredientes.

Equilíbrio entre fibras e gorduras

O desafio na formulação de dietas para bovinos leiteiros está em equilibrar fibras e gorduras para otimizar a produção de leite sem comprometer a saúde ruminal.

Sinergia entre fibras e gorduras:

  • A digestibilidade da fibra pode ser impactada por altos níveis de gorduras, exigindo o uso de gorduras protegidas.
  • O balanceamento entre fontes de energia rápida (carboidratos não fibrosos), energia sustentável (fibra) e energia densa (gordura) é essencial.

Práticas recomendadas:

  • Monitorar a relação FDN:MS, garantindo que esteja entre 28-32%.
  • Introduzir gorduras gradativamente e utilizar aditivos como ionóforos para melhorar a eficiência.
  • Avaliar a resposta do animal em termos de produção, composição do leite e comportamento alimentar.
  • Lembrando sempre, que toda dieta feita na propriedade, precisa ser muito bem misturada, após todos ingredientes junto no misturador, deixar os mesmos bater, misturar por no mínimo 10 minutos, assim conseguimos fazer com que o animal consiga ingerir todos os ingredientes, e manter uma uniformidade em cada bocada.