O manejo alimentar é um dos pilares para o sucesso da ovinocultura, impactando diretamente no desempenho zootécnico, na saúde dos animais e na viabilidade econômica do sistema de produção. Considerando as diferentes exigências nutricionais ao longo das fases de crescimento dos ovinos, é essencial adotar estratégias alimentares específicas para cada etapa: do nascimento ao desmame, da recria ao acabamento.

Além disso, fatores como o sistema de produção (extensivo, semi-intensivo ou intensivo), o uso de suplementação e a qualidade da pastagem também influenciam a formulação de dietas adequadas.

Fase de cordeiros lactentes (0 a 60 dias)

Nesta fase, a principal fonte de nutrientes é o leite materno. No entanto, é recomendável a introdução gradual de alimento sólido a partir da segunda semana de vida.

Objetivo nutricional: estimular o desenvolvimento do rúmen e o crescimento inicial.

Recomendações:

• Oferecer creep feeding a partir da 2ª semana com insumos palatáveis, ricos em energia e proteína (mínimo 18% PB).
• Fornecer feno de boa qualidade como fibra efetiva.
• Suplementação com minerais, especialmente selênio, zinco, cobre e vitamina E, é crucial para prevenir distúrbios como a doença do músculo branco.

Desempenho esperado: ganho médio diário (GMD) de 200 a 250 g/dia com bom manejo alimentar.

 

Fase de crescimento ou recria (60 a 120 dias)

Com a transição do leite para alimentação sólida, os cordeiros entram em uma fase de crescimento acelerado, demandando energia e proteína para o desenvolvimento corporal.

Objetivo nutricional: promover crescimento esquelético e muscular eficiente.

Recomendações:

• Dietas com 16–18% de proteína bruta.
• Energia digestível mínima de 65% TDN (Total de Nutrientes Digestíveis).
• Utilização de insumos de alta qualidade e suplementação proteico-energética.
• A inclusão de aditivos nutricionais, pode melhorar a conversão alimentar e prevenir distúrbios metabólicos.

 

Fase de terminação (acabamento para abate)

Nesta etapa, o foco é a deposição de gordura e músculo visando qualidade de carcaça e rendimento de abate.

Objetivo nutricional: maximizar o ganho de peso e otimizar a conversão alimentar.

Recomendações:

• Dietas com menor teor de proteína (13–15%), mas alto nível energético (>70% TDN).
• Uso de grãos como milho, sorgo ou subprodutos agroindustriais (farelo de soja, farelo de canola).
• Monitoramento da ingestão de matéria seca e ajustes conforme condição corporal. 

Resultados esperados: GMD entre 250–350 g/dia, dependendo do sistema de produção e genética dos animais.

 

Fase de mantença (reprodutores e matrizes fora da estação de monta)

É importante evitar o excesso de energia, o que pode causar acúmulo de gordura, prejudicando o desempenho reprodutivo.

Recomendações:

• Fornecimento de volumosos de média qualidade com suplementação mineral balanceada.
• Ajustes conforme escore de condição corporal (ECC). 

Fase de Gestação e Lactação de Matrizes

Durante a gestação e lactação, as exigências nutricionais aumentam significativamente, especialmente no terço final da gestação e nas primeiras semanas pós-parto.

Objetivo nutricional: garantir o desenvolvimento fetal e a produção de leite para sustentar cordeiros saudáveis.

Gestação:

• Aumento progressivo da energia e proteína a partir do 90º dia.

Dietas com 13–15% de PB e mínimo de 60% TDN.