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O impacto da nutrição na qualidade da carne suína

A busca por carnes suínas com melhor sabor, textura e valor nutricional tem crescido nos últimos anos, acompanhando as exigências do consumidor moderno e os avanços da indústria. Nesse cenário, a nutrição animal assume papel decisivo: é a base sobre a qual se constrói a qualidade do produto final. A alimentação dos suínos, quando bem formulada e ajustada a cada fase produtiva, pode influenciar diretamente características como marmoreio, cor, maciez e perfil lipídico da carne.

Garantir uma carne de alta qualidade não depende apenas da genética e do manejo. A nutrição é o elo que conecta o potencial genético do animal ao desempenho produtivo e à qualidade de carcaça, tornando-se uma ferramenta estratégica para alcançar resultados superiores na suinocultura.

 

O papel dos ingredientes na formação da carcaça.

A base nutricional de uma alimentação para suínos envolve, majoritariamente, grãos energéticos, farelos proteicos e, em algumas estratégias, farinhas de origem animal. Ingredientes como milho, sorgo, farelo de soja, farelo de canola e farinha de carne e ossos são amplamente utilizados por sua alta digestibilidade e concentração de nutrientes essenciais.

Os grãos atuam como principal fonte de energia, indispensável para o metabolismo e a deposição de gordura, inclusive a intramuscular, responsável pela suculência e sabor da carne. Já os farelos e farinhas fornecem a proteína necessária para o crescimento muscular e formação de tecidos nobres, sendo fundamentais para o rendimento e a conformação da carcaça.

A qualidade desses ingredientes influencia diretamente a eficiência alimentar dos animais e a uniformidade do lote. Matérias-primas padronizadas, com boa digestibilidade e baixo teor de contaminantes, garantem melhor aproveitamento nutricional e menos variação entre indivíduos.

Energia e marmoreio: construindo sabor e suculência.

A composição energética da dieta, especialmente na fase de terminação, tem impacto direto sobre o marmoreio da carne suína. O fornecimento de fontes energéticas de qualidade, como milho ou sorgo, associado a lipídios de boa digestibilidade, promove a deposição de gordura intramuscular sem comprometer a eficiência produtiva, junto com uma boa genética. 

Além de favorecer o sabor, o marmoreio melhora a textura e a palatabilidade da carne, características cada vez mais valorizadas pelos consumidores. Dietas com energia suficiente também ajudam a reduzir o estresse metabólico dos animais, contribuindo para carnes com melhor pH post-mortem e menor risco de apresentação PSE (pálida, mole e exsudativa).

 

A importância dos aminoácidos essenciais

O crescimento muscular eficiente depende de um bom fornecimento de aminoácidos, especialmente lisina, metionina, treonina e triptofano. O uso de farelos proteicos de alta qualidade, como o farelo de soja e o farelo de canola, contribui para atingir os níveis ideais desses nutrientes nas formulações.

Dietas formuladas com base em aminoácidos digestíveis verdadeiros, oferecem maior precisão nutricional, otimizando o ganho de peso e a conversão alimentar. Essa estratégia também reduz a excreção de nitrogênio, contribuindo para uma produção mais sustentável e eficiente.

Saúde intestinal e desempenho final

A saúde do trato gastrointestinal tem ligação direta com a eficiência de absorção dos nutrientes e com o desempenho geral dos animais. A utilização de aditivos funcionais como probióticos, prebióticos, ácidos orgânicos e extratos vegetais ajuda a equilibrar a microbiota intestinal, reduzindo inflamações e melhorando a conversão alimentar.

Além de favorecer o crescimento, essas estratégias nutricionais contribuem para a qualidade da carne, ao diminuir o impacto de estresses que poderiam resultar em alterações de pH, textura e coloração. Uma boa saúde intestinal também reduz a variabilidade dos lotes, facilitando o abate e a padronização da carcaça.

Ajustes na fase de terminação: detalhes que fazem diferença

A fase de terminação é estratégica para consolidar o desempenho do animal e refinar a qualidade da carne. Nesse momento, ajustes finos nas dietas podem fazer toda a diferença, como o aumento da densidade energética, o uso de ingredientes com alta digestibilidade e a inclusão de aditivos que favorecem a deposição de gordura intramuscular.

Farinha de carne e ossos com baixa carga fibrosa, farelos mais concentrados e a inclusão de nutrientes como cromo, magnésio ou triptofano são opções que ajudam a melhorar o acabamento da carcaça, reduzir o estresse e obter uma carne com mais valor agregado.