O bem-estar animal é um dos pilares da pecuária moderna e está diretamente ligado à produtividade, à qualidade do leite e à longevidade das vacas. Em sistemas leiteiros, pequenos desequilíbrios no conforto, na nutrição ou no manejo podem gerar grandes perdas produtivas. Por isso, o foco do produtor e do médico-veterinário deve estar em práticas que assegurem conforto, saúde e eficiência metabólica.
O bem-estar animal é definido como o estado físico e mental de um animal em relação às condições em que vive e é manejado. Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), ele se baseia em cinco liberdades:
- Livre de fome e sede
- Livre de desconforto
- Livre de dor, lesão e doença
- Livre para expressar comportamentos naturais
- Livre de medo e estresse
O impacto do bem-estar na produção de leite
Estudos recentes apontam que vacas mantidas em ambientes confortáveis, com temperatura adequada, acesso constante à água limpa e boa ventilação, apresentam melhor consumo de matéria seca, melhor desempenho reprodutivo e maior produção de leite.
O estresse térmico, por exemplo, pode reduzir o consumo em até 20%, comprometendo o balanço energético e a produção. Além disso, o desconforto causa aumento da liberação de cortisol, afetando o sistema imunológico e a qualidade do leite.
Boas práticas de manejo e ambiente
O manejo diário influencia diretamente o bem-estar do rebanho. Entre as principais boas práticas destacam-se:
- Ambiente limpo e seco: camas confortáveis e livre de umidade reduzem o risco de mastite e lesões.
- Espaço adequado: superlotação provoca competição por alimento e estresse social.
- Rotina estável: horários fixos de alimentação e ordenha reduzem o estresse comportamental.
- Climatização eficiente: ventiladores, aspersores e sombreamento são aliados no controle térmico.
Essas medidas, associadas ao manejo calmo e humanizado, refletem em vacas mais dóceis e produtivas.
Alimentação equilibrada como pilar do bem-estar
A nutrição é um dos fatores mais importantes para garantir o bem-estar e o desempenho produtivo. Dietas mal balanceadas podem causar distúrbios metabólicos como acidose ruminal, cetose e deslocamento de abomaso, comprometendo a saúde e o bem-estar das vacas.
O uso de ingredientes de origem vegetal de alta qualidade é essencial para garantir boa digestibilidade e fornecimento adequado de nutrientes.
Entre os insumos que contribuem para esse equilíbrio nutricional, destacam-se:
- Farelo de soja e farelo de canola: ricos em proteína de alta degradabilidade ruminal e aminoácidos essenciais, favorecem a síntese de leite.
- Polpa cítrica e casca de soja: excelentes fontes de energia de liberação lenta, que ajudam a manter a fermentação ruminal estável.
- Milho moído e DDGS: contribuem para o aporte energético e favorecem o ganho de condição corporal, principalmente em vacas de alta produção.
O bem-estar animal é resultado de um conjunto de fatores: ambiente adequado, manejo cuidadoso e nutrição de qualidade. Quando o rebanho está confortável, bem alimentado e livre de estresse, responde com melhor saúde, maior produção e longevidade produtiva. Investir em boas práticas e em ingredientes nutricionalmente equilibrados é investir no futuro da atividade leiteira — com sustentabilidade, eficiência e respeito aos animais.