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Como o manejo alimentar influencia a uniformidade do lote de frangos

A uniformidade de peso em lotes de frangos de corte é um dos principais indicadores de eficiência produtiva, refletindo diretamente na viabilidade econômica do sistema. A variabilidade entre os indivíduos dificulta o manejo, compromete o desempenho zootécnico e impacta negativamente a padronização das carcaças, fator essencial para a indústria processadora. Dentre os diversos aspectos que influenciam essa uniformidade, o manejo alimentar tem papel central.

O que é uniformidade e por que ela é tão importante?

A uniformidade refere-se ao grau de homogeneidade no peso corporal dos frangos dentro de um mesmo lote. É medida comumente pelo coeficiente de variação (CV) do peso dos animais — valores abaixo de 10% são considerados ideais. Lotes com grande desvio padrão indicam que alguns animais estão muito abaixo ou acima da média, o que afeta a padronização no abate, eleva o custo de produção e pode indicar falhas nutricionais, sanitárias ou de manejo.

Além disso, a desuniformidade interfere diretamente na logística da granja e no uso de recursos. Aves menores exigem permanência prolongada na granja para atingir o peso de abate, aumentando o tempo de ocupação do aviário e o consumo de insumos. Já as aves mais pesadas podem ultrapassar o peso ideal de abate, gerando prejuízo no rendimento da carcaça.

Principais fatores de manejo alimentar que afetam a uniformidade

  • Acesso equitativo à alimentação

Para que todos os animais possam consumir de forma igualitária, é essencial garantir bom dimensionamento, distribuição e regulagem dos comedouros. A falta de espaço linear ou comedouros mal ajustados resulta em competição, onde aves dominantes se alimentam mais e mais rápido, enquanto as submissas acabam comendo menos ou de forma irregular.

Além disso, a densidade populacional deve ser observada com rigor. A superlotação reduz o acesso ao alimento e à água, especialmente nos pontos centrais do aviário, favorecendo o surgimento de subgrupos com crescimento diferenciado.

  • Frequência e regularidade do arraçoamento

Programas de alimentação devem buscar fornecer a alimentação de forma contínua ou em frequências regulares e previsíveis, evitando longos períodos de vazio alimentar. Em manejos intermitentes mal conduzidos, as aves mais agressivas ou mais próximas da fonte de alimento se beneficiam, enquanto as demais consomem menos.

O manejo com alimentação ad libitum, quando bem monitorado, tende a promover maior uniformidade, pois reduz a competição direta e favorece o consumo mais constante ao longo do dia.

  • Qualidade física da alimentação

A granulometria ideal favorece a ingestão eficiente e homogênea. Insumos com partículas muito finas ou muito grandes podem comprometer a palatabilidade ou facilitar a seleção de ingredientes pelas aves, o que leva a desequilíbrios nutricionais entre os indivíduos.

Além disso, a segregação de ingredientes durante o transporte ou no comedouro pode causar ingestão desbalanceada de nutrientes. O uso de insumos peletizados, desde que bem processado e com baixa taxa de finos, tende a favorecer maior uniformidade no consumo.

  • Transição adequada entre fases alimentares

Cada fase de crescimento do frango exige um perfil nutricional específico. No entanto, a transição entre dietas (pré-inicial, inicial, crescimento, terminação) deve ser feita com planejamento, respeitando a adaptação enzimática e metabólica das aves. Transições abruptas ou mal conduzidas geram queda de consumo, diarreias e até surtos de desequilíbrio intestinal, impactando o crescimento de forma desigual.

  • Alimentação no primeiro dia de vida

As primeiras 24 horas pós-eclosão são cruciais para o desenvolvimento do sistema digestivo e imunológico. O fornecimento imediato de alimento e água promove o arranque inicial, estimulando a motilidade intestinal, a colonização microbiana benéfica e o consumo precoce de nutrientes. Atrasos ou falhas nesse momento comprometem a absorção e geram desuniformidade desde os primeiros dias.

  • Estratégias nutricionais individualizadas

Em lotes com histórico de alta variabilidade ou em situações específicas (clima extremo, estresse sanitário, lotes com crescimento lento), pode ser necessário o uso de aditivos nutricionais, enzimas, probióticos e suplementos específicos para melhorar o aproveitamento dos nutrientes, equilibrar a microbiota intestinal e estimular o crescimento compensatório dos indivíduos menores.

Além disso, o uso de insumos com maior digestibilidade, ingredientes funcionais e balanceamento preciso de aminoácidos essenciais são ferramentas poderosas na redução da variabilidade individual.